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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Celebrando o nascimento

Não foram poucas as vezes que ficava olhando os mastros estaiados dos grandes veleiros imaginando uma linda árvore de natal. De fato alguns velejadores iluminam os estais do mastro de seus veleiros quando chega a noite. É uma visão belíssima de luzes perfiladas que se reflete na água. É mesmo a visão de uma árvore de natal iluminada.

Nessa época de final de ano temos uma transformação na sociedade voltada para a bondade e caridade. Alguns chamam de espírito de Natal. Outros chamam de aproximação com Deus. Outros consideram apenas marketing. Seja o que for, nessa época do ano as pessoas tendem a se concentrar mais em energias positivas e bons pensamentos. Isso transforma a energia das cidades para uma leveza que todos gostariam que imperasse por todos os dias do ano.

No meu coração reina ainda mais forte a vontade de ver os veleiros com seus mastros acesos à noite. Singrando pela escuridão das águas com suas árvores de Natal acesas. Tenho certeza que em algum lugar os velejadores se utilizam dessa imagem para comemorar o Natal.

Natal, tem o significado voltado ao nascimento, o nascimento da fé de um povo cristão. Povo esse que compõe a grande maioria da população brasileira. O nascimento de Jesus significa o nascimento da fé, a luz na escuridão da falta de esperança. A crença de que tudo pode se transformar de acordo com a vontade de Deus e amor de seus fiéis.

Tendo fé em dias melhores e muito mais amor na terra, é que imagino a celebração do nascimento do amor no coração das pessoas, vindo das águas em barcos iluminados. Mostrando que o infinito também pode trazer luz. Que de longe pode vir a esperança. Que para longe podemos mandar o amor. Que todos unidos pelas águas podem somar fé e esperança transformando a suavidade do navegar em ondas de cooperação, união, caridade e amor.

Tenhamos todos um feliz nascimento do amor dentro de nós. Que saibamos acalentar esse rebento em nossos corações para que ele cresça e se multiplique para todo o mundo.

(Marcelo Rodrigues Maia Pinto - 16/12/2014)

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Conhecimento náutico e a vida

A arte da navegação é um complexo de conhecimentos acumulados ao longo de muitas gerações. Toda e qualquer habilidade deve ser aprimorada com conhecimento, na náutica não poderia ser diferente. Aliás o aprendizado da navegação é muito rico e interessante. Daí pode ser comparado com o próprio viver.

Estabelecer um destino, calcular a rota e criar objetivos e metas, são etapas do planejamento de qualquer viagem, seja em uma embarcação, veículo terrestre ou à pé. Conhecer o caminho a ser percorrido, ler as cartas náuticas verificar os riscos à navegação e estabelecer a melhor rota. Analisar previsões do tempo e condições do mar. Verificar equipamentos e recursos disponíveis, adequar à rota e partir para a viajem. Durante o trajeto ajustes são necessários, correções de rumo, reestabelecimento de objetivos, reprogramação da viajem e até atuação em contingências e emergências.

Na vida é exatamente deste jeito. Planejamos, analisamos e quase tudo vai mudando ao longo do percurso, inclusive nossas crenças e nossos valores. Vamos amadurecendo e evoluindo até o nosso destino final. Alcançamos alguns dos nossos objetivos, outros são suprimidos do caminho e tantos outros são adotados em razão das contingências. Quanto mais preparados para a vida, menores se tornam os problemas a serem resolvidos, ou melhor, não são os problemas que se tornam menores, mas como somos mais capazes de solucionar, esses problemas são resolvidos mais facilmente.

Voltemos à navegação. Quanto maior o conhecimento e a experiência melhor a condução da embarcação, menos risco corre ao navegar e mais facilmente são solucionados os problemas.

E assim vamos às nossas aventuras pelos mares, pelos livros, pelas ruas, pelos caminhos desse presente que é a nossa vida. O destino de todos nós é a morte, a nossa embarcação é o nosso corpo, mas o caminho de cada um é único, nosso combustível é a felicidade e o amor.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

VELEJAR, O JOGO

Em tempos de mundo virtual, os jogos cibernéticos dominam o imaginário dos jovens. São estimulantes e entretêm por muitas horas em frente às telas. Os desafios propostos estimulam as pessoas a buscarem habilidades em conduzir seus personagens em aventuras virtuais onde não existem riscos à integridade física, onde tudo é possível. Mas esse novo mundo proposto consegue tornar as pessoas melhores? Será que aumenta o entendimento da vida real?

Essas perguntas provavelmente terão respostas negativas em função do comportamento das pessoas no mundo real. As tentativas de transferir para a realidade tudo que foi aprendido no mundo virtual mostra claramente a imaturidade e falta de conexão com a realidade.

Por outro lado a prática da vela pode ser encarada como um jogo, nos mesmos moldes dos cibernéticos. Velejar é um desafio permanente. Os objetivos serão vencidos à medida que o aprendizado e as habilidades forem evoluindo. Fazer o barco se movimentar com o vento, colocá-lo no rumo certo, estabelecer um objetivo, traçar rotas, avaliar percurso e finalmente concluir o caminho.

Tudo funciona do mesmo jeito que um jogo, a diferença é que é real, as experiências são reais. Os sentidos serão utilizados para suprir as necessidades do organismo. Tudo que acontecer será sentido e vivenciado. Haverá contato com o mundo, necessidade de integração com a natureza e o clima. Calor, frio, sol, chuva, umidade ou secura serão experimentados. Haverá necessidade de estabelecer relacionamentos, criar responsabilidades e integração.

Como seria o mundo se mais pessoas praticassem a vela? Imagino que teríamos pessoas mais calmas, amadurecidas e responsáveis. Seria um mundo mais comprometido com a natureza. Aliás natureza da qual fazemos parte e dependemos para sobreviver. Acredito na educação das crianças, na conexão com a realidade através de vivências lúdicas e prática desportiva saudável. Há que se buscar isso para que o mundo seja melhor, para que possamos passar a diante um mundo melhor do que recebemos. Acredito que ainda dá tempo e tem muita gente atuando nesse sentido. Devemos apoiar e incentivar todas as boas iniciativas.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O VELEJADOR E O JIPEIRO

Quando escolhemos nossos caminhos estamos exercendo a mais pura forma de liberdade. E é desfrutando desse imenso poder sobre nós mesmos que desnudamos a nossa essência.

Há muitos anos quando ministrava cursos de Qualidade Total na empresa em que trabalhava,  eu exibia, logo na abertura do curso, uma imagem de dois carros um ao lado do outro.  Era um Jipe e uma Ferrari. Logo em seguida eu perguntava: Qual é melhor?  Qual tem mais qualidade? Obviamente todos apontavam a Ferrari.
Em seguida eu apresentava a imagem de uma estrada de terra cheia de erosões com ladeira. Nesse momento eu perguntava : O caminho é esse. E agora,  qual carro é melhor? Nesse momento todos apontavam o Jipe. Daí eu começava a introduzir os conceitos de adequação,  funcionalidade e utilidade.

Hoje eu estava lembrando dessas imagens e repensando a minha vida. Por que eu uso um Jipe Engesa a 13 anos? Por que eu gosto tanto de velejar? Essas questões me intrigaram e passei a buscar respostas.
Lembrei do lema da Engesa: "Quem tem Engesa não precisa de estrada". Esse lema diz muito mais sobre nós mesmos do que sobre o mundo fora de estrada.

Um Jipeiro é por essência uma pessoa livre e desapegada. Gosta de decidir seus rumos,  seus caminhos e seus objetivos.  Não gosta de limites. Acredita que os obstáculos são desafios a serem superados. Traça metas e objetivos.  Se prepara para as piores condições.  Estuda rotas, obstáculos e alternativas. E sai determinado a atingir o objetivo escolhido.

Alguma semelhança com o velejador?

Pois é,  fiquei agora imaginando uma foto de uma bifurcação onde um lado seria uma longa estrada asfaltada,  lisa,  larga e reta. O outro lado seria uma estrada de terra estreita,  íngreme e cheia de erosões.  No meio haveria uma placa escrito DESTINO e duas setas apontando uma para cada lado, indicando que os dois caminhos levam ao mesmo lugar.

Daí eu perguntei pra mim mesmo: Qual caminho eu escolheria?  Você tem alguma dúvida de qual foi a resposta? Claro que foi a trilha. Daí vem outra questão: Mas, por que? Essa foi bem mais difícil de responder.
Pela lógica eu deveria escolher o caminho mais fácil. Menos energia e esforço para chegar ao mesmo resultado. Mas aí coloco os ingredientes da aventura,  do desafio e da superação. Nesse momento aparece a essência do indivíduo. É o exercício do livre arbítrio. Nem todos chegarão ao destino almejado,  somente os mais preparados e capazes de enfrentar os obstáculos avançarão pelo caminho.

Assim é a nossa vida. Nós escolhemos nossos caminhos. Devemos fazer essa escolha em cada bifurcação.  Devemos avaliar nossas limitações e capacidade em cada etapa. Saber quando devemos pedir ajuda. O mais importante é determinar até onde podemos e queremos seguir sozinhos. Qual sacrifício estamos dispostos a fazer pela nossa escolha?

Agora já deu para perceber que o velejador é o jipeiro dos mares. É a pessoa que está em contato direto com os elementos da natureza. É o ser humano que tem prazer em enfrentar o desafio de escolher seu destino e enfrentar todos os obstáculos impostos. Escolhe estratégias,  estabelece metas e objetivos.  Estuda rotas e meteorologia.  Escolhe por onde quer ir.

Essas pessoas são assim. Está no sangue. Por isso tem as estradas asfaltadas,  os carros esportivos,  os barcos a motor e as lanchas, para as pessoas que não são assim, que preferem outros desafios. E assim temos que nos entender e nos aceitar como somos. Saber que escolhas e avaliações erradas nos trazem problemas maiores do que somos capazes de enfrentar. Nesses momentos devemos reavaliar nossas escolhas,  pedir ajuda e recuar.  Recuar sim, porque voltar atrás permite que seja escolhido um novo caminho.

(Marcelo Rodrigues Maia Pinto - 26/11/2014)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

IPEZIM - Feito com amor

No início de 2014 eu ví uma moça sentada em um banco olhando para a enseada de Jurujuba, tinha uma enorme mochila ao seu lado e uma expressão contagiante de alegria em sua face. Não entendi muito bem aquela situação, mas segui minha vida. No dia seguinte encontrei novamente a mesma moça no galpão náutico do Jurujuba Iate Clube, tentando cobrir com pedaços de plástico uma quilha de ferro fundido, para protegê-la da chuva que ameaçava cair. Neste momento me prontifiquei em ajudar e ofereci uma pequena lona plástica que havia em meu carro para cobrir o restante. No dia seguinte presenciei a chegada de um veleiro, ainda por ser terminado, em um caminhão sujo de pó de minério de ferro. Fiquei extremamente curioso e acompanhei o desembarque do veleiro. Lá estava novamente a moça da mochila, agora acompanhada de um homem barbudo todo empoeirado pelo mesmo pó de minério. Tanto o barbudo quanto a moça estavam radiantes. Esse foi o meu primeiro contato com o casal Luciana Alt e Vitor Moura, e o veleiro era o IPEZIM.

Nossa amizade começou quando tomei conhecimento da fantástica aventura que foi esse veleiro chegar até ali. Aventureira é aquela pessoa curiosa em aprender e experimentar o novo, é destemida em se lançar em desafios, corajosa em buscar o conhecimento necessário para vencer etapas e determinada em alcançar os objetivos estabelecidos. E hoje tenho certeza que esses dois são verdadeiros aventureiros.

A carioquíssima Luciana, ainda criança já praticava vela, participou de regatas e campeonatos em diversas classes. Ainda na fase escolar teve que acompanhar a família que havia se transferido para Belo Horizonte, local pouco adequado para a prática da vela. Mas com seu espírito aventureiro logo se engajou em grupos de espeleologia e passou a explorar as cavernas de Minas Gerais. Já há algum tempo nos grupos de espeleologia veio conhecer um jovem universitário que estava entrando nesse mundo das cavernas, Vitor Moura. Algum tempo depois vieram a namorar e posteriormente se juntaram. Uma união baseada em amor, sonhos e aventuras.

Vitor desde pequeno se interessava por barcos e sonhava um dia poder se aventurar pela costa brasileira ou até pelo mundo afora. Ora vejam que dessa união surgiria a idéia de se adquirir um veleiro para curtir novas aventuras. Mas o dinheiro não era suficiente e nem o local que moravam adequado. Depois de muitos estudos e várias hipóteses analisadas veio a ideia de se construir o IPEZIM.

Essa história é contada e ilustrada no Fotolog Veleiroipe (http://www.fotolog.com.br/veleiroipe/mosaic/).

Passaram-se dez anos e o IPEZIM foi lançado à água e hoje veleja pelas águas da Baía de Guanabara e arredores do Rio de Janeiro, mas tenho certeza que logo ganhará outros mares.

O veleiro IPEZIM é um Multichine 28 construído por Vitor e Luciana durante dez anos. Tenho certeza que só venceram cada um dos dias dessa jornada com muito amor e dedicação um pelo outro. Foram muitas as dificuldades relatadas pelo casal, todas superadas. Boa sorte ao Vitor e à Luciana e parabéns pelo excelente trabalho que fizeram.


Vitor e Luciana no Veleiro IPEZIM em 06/11/2014


Vitor e Luciana no Veleiro IPEZIM em 06/11/2014 - Estavam instalando o radar.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

MAR ME QUER

O filme MAR ME QUER produzido e dirigido por Isabella Souza Nicolas, que tivemos o privilégio de assistir ontem em pré-estréia, é sensacional, no sentido literal da palavra, produz várias sensações.
Trata-se de um documentário sobre a história do iatismo nacional, muito bem dirigido e produzido. Tem uma sequência lógica bem contextualizada, ritmo e encadeamento estruturado de forma leve e divertida. É um longa metragem que ao final dá um gostinho de quero mais, muito difícil em documentários. É questionador, polêmico, instrutivo, realista e divertido. Excelente ferramenta educacional para o mundo náutico e acadêmico.

A generosidade da Isabella Souza Nicolas é parte integrante desta obra, trás tudo de iatismo inclusive o movimento da VELA POPULAR, que eu e o Danilo Veleirok, tivemos o privilégio de participar com pequena aparição no filme. Essa contribuição coloca de vez a VELA POPULAR como um movimento integrante da história do Iatismo nacional. Tenho certeza que o movimento que está em franca expansão no Brasil, ganhará mais força para continuar e se tornar cada vez mais popular.

A visão inicial de que a VELA POPULAR tem que ser efetivamente popular, no sentido de estar ao alcance de todos, porém sem perder a qualidade técnica conceitual e teórica, sempre foi ponto fundamental muito defendido pelo Danilo Veleirok. Várias vezes foi criticado por isso, mas hoje podemos ter a certeza que ele sempre esteve correto em sua visão. Para ser popular e barato não precisa ser ruim, a troca de informações garante um desenvolvimento técnico e conceitual promovendo evolução técnica e integração entre os participantes. É assim que tem que ser, a própria história do iatismo começou assim, trocando informações e experiências. Assistam o filme quando tiverem oportunidade. Neste momento ainda não está disponível ao público, mas assim que tiver passaremos a informação de como poderão assisti-lo.

Segue abaixo um link para o Teaser do filme MAR ME QUER.
http://youtu.be/G5hpcuKyZjs


Cartaz do filme MAR ME QUER


Isabella Souza Nicolas com as pessoas que participaram do filme
(Eu e Danilo Veleirok à direita da foto)


Da direita para a esquerda: Eu (Marcelo Maia), Danilo Veleirok, Isabella Souza Nicolas, Ivan Yvl


Da direita para a esquerda: Eu (Marcelo Maia), Danilo Veleirok, Isabella Souza Nicolas, Nívea Santos, Ivan Yvl


Da direita para a esquerda: Eu (Marcelo Maia), Danilo Veleirok, Isabella Souza Nicolas, Nívea Santos, Ivan Yvl



terça-feira, 30 de setembro de 2014

SEGUNDO ENCONTRO NACIONAL DE VELA POPULAR - 2014 - Tarituba - Paraty - RJ

Entre os dias 07 e 09 de NOVEMBRO de 2014, na praia de Tarituba, Paraty, RJ, irá acontecer o SEGUNDO ENCONTRO NACIONAL DE VELA POPULAR. Trata-se de um evento aberto aos amantes da navegação amadora. É um encontro de pessoas que tem em comum a paixão por navegar. Se você ainda não tem barco, mas gostaria de participar, venha conhecer essas pessoas maravilhosas que fazem parte dos grupos de vela popular. A cada ano o movimento cresce e nós vamos conhecendo mais e mais apaixonados pela navegação que estão sempre dispostos a cooperar com todos no sentido de desenvolver e ampliar a vela popular. Eu participei do primeiro e tive uma maravilhosa surpresa em conhecer tanta gente bacana que tem por esse Brasil. É uma ótima oportunidade!
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De 07 a 09/11 - Praia de Tarituba - Paraty - RJ

O que é ? Uma reunião de quem faz dos pequenos veleiros e da convivência com os amigos uma diversão. Não tem barco ? Não veleja ? Não importa. Venha conhecer gente que pensa diferente e se diverte com o vento.

Para quem é? Qualquer pessoa que se interesse em velejar em pequenos barcos, com experiência ou não.


Foto do Primeiro Encontro de vela Popular - 2013