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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


Texto de Sven Yrvind adaptado por Marcelo Maia


Sven Yrvind é um sueco projetista, construtor de barcos e aventureiro, hoje com 72 anos de idade, que, no final de 2011, realizou a travessia do Atlântico em um pequeno veleiro sem motor (www.yrvind.com). O Texto abaixo foi escrito em Dezembro de 2010 quando Yrvind foi indagado a respeito do conforto de seus barcos.

Um dos comentários que ouço com mais freqüencia sobre os meus barcos é que eles não são confortáveis. É uma afirmação muito verdadeira. Mas eu projeto e construo barcos para ir para o mar e não para o conforto, pois é a atividade que me dá prazer e emoção.

O conforto diminui a atividade, e a falta de atividade leva à falta de estimulação, sem estimulação as pessoas tornam-se desanimadas, gordas e entediadas. Você só pode se tornar ativo se usar sua energia, e não repousando.

Comida e entretenimento funcionam como drogas ou como dinheiro emprestado, diminui o tédio e provação apenas momentaneamente. No longo prazo, eles tornam a situação cada vez pior.

Esforçar-se, por outro lado, é doloroso no início, mas com o passar do tempo irá trazer o prazer da curiosidade e da empolgação. O problema com essa solução saudável é que ela é abstrata para a maioria das pessoas. Historicamente o homem nunca teve de se preocupar com muito conforto e portanto, não é preparado para lidar com ele. Pelo contrário, a comida e o descanso tem se tornado o problema.

Na sociedade moderna, as fábricas e agroindústria estão produzindo mais do que o necessário para o ser humano. Desta forma acabou sendo criada uma nova espécie de homem que é o homem adestrado que vive em cativeiro. Ele não come comida de verdade, mas sim alimentos artificiais. Suas experiências de vida são virtuais.

É muito mais fácil assistir esporte do que praticá-lo. Ao velejar, fica muito mais fácil ligar o motor quando o vento falhar do que usar um remo ou esperar que o vento volte a soprar. Mas como todas as coisas artificiais, não são nada quando comparadas à experiência de vida real.

Um animal capturado em um zoológico não é um animal feliz. Ele nos diz, sem falar, que mesmo cheio de comida, com bom abrigo e uma vida sem perigo, ainda prefere ser livre.

Os homens modernos nas grandes cidades são como animais capturados. Têm todo o conforto e alimento de que precisam, ainda assim continuam entediados. Mas como vivemos entre milhões de pessoas igualmente entediadas, não notamos a escuridão. Apenas ocasionalmente encontramos um espírito livre sobrevivente e desejamos saber por que ele é tão feliz. Certamente não é o conforto que o faz feliz.

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